quinta-feira, abril 23, 2009

Movimento escutista tem conseguido crescer

Dia Internacional dos Escuteiros comemora-se esta quinta-feira em mais de 200 países

Os escuteiros comemoram esta quinta-feira o seu dia internacional, 102 anos depois de Baden Powell ter realizado o primeiro acampamento, em Inglaterra, onde o movimento nasceu. Em Portugal, as duas associações existentes garantem vitalidade e crescimento.

A Associação dos Escoteiros de Portugal (AEP), com 14 mil efectivos, e o Corpo Nacional de Escutas (CNE), com 64 mil, garantem que o escutismo tem vivido momentos de crescimento ou, pelo menos, de alguma estabilidade. O grande crescimento deu-se logo após o 25 de Abril, com o fim da "perseguição" à AEP e com a abertura do movimento às raparigas, até aí impedidas de frequentar os escuteiros.

A AEP foi a primeira a surgir em Portugal. Em 1911, o tenente Álvaro Machado fundou, em Macau, o primeiro grupo de escoteiros (fazem questão de escrever com "o"). Um ano depois, surge em Lisboa o primeiro grupo formado no continente. Em 1913, os três grupos então existentes na capital formaram a Associação de Escoteiros de Portugal.

É uma associação pluriconfessional, aberta a todas as religiões, raças e culturas . Durante o Estado Novo, a AEP não teve uma vida fácil. O regime estava mais apostado em reunir os jovens em torno da Mocidade Portuguesa, movimento que nada tinha a ver com o método escutista e que o regime tornou obrigatório.

Pelo contrário, o Corpo Nacional de Escutas, é um movimento assumidamente católico. As estruturas da Igreja, permitem uma disseminação muito mais forte do movimento, o que explica os seus 64 mil efectivos e as mais de mil unidades existentes em todo o país.

A AEP vive das cotas dos escoteiros (esta associação optou por esta grafia), apoios do Instituto da Juventude, autarquias e juntas de freguesia. Ainda assim, Nelson Raimundo, escoteiro-chefe nacional, garantiu, ao JN, que nos últimos 10 anos, o número de efectivos cresceu 10% .
O CNE nasceu apenas em 1923, quando a Igreja Católica se apercebeu de que o método escutista era apropriado para a educação dos jovens católicos.

Mais de 70 anos depois, o CNE, segundo a escuteira-chefe adjunta, Maria Helena Guerra, continua a crescer ou, pelo menos, vive uma "estabilidade" que em nada preocupa os seus dirigentes.

Este ano, o CNE tem motivos de sobra para comemorar. Nuno Álvares Pereira, patrono do movimento, vai ser canonizado e está já nomeada uma comitiva para se deslocar a Roma, no próximo dia 26.

O escutismo nasceu em 1907, em Inglaterra. Ao regressar da África do Sul, o general inglês Baden-Powell, constatou que o seu livro "Aids to scouting" , escrito para ajudar a formação dos recrutas no patrulhamento e observação, estava a ser estudado nas escolas masculinas.

Começou, então, a desenvolver a ideia de formar os escuteiros. Realizou um primeiro acampamento na Ilha de Brownsea (no canal inglês), onde participaram 20 jovens. E logo ali começou a ser forjado o método escutista. No ano seguinte, começou a publicar, em folhetins, o "Escutismo para rapazes" e foram surgindo patrulhas e grupos de escuteiros por todo o lado. Quando, em 1912, casa com Olave Soames, nasce o "Girls Guides", versão feminina dos escuteiros.

Em todo o mundo, existem mais de 28 milhões de escuteiros, em mais de 200 países e territórios, dispostos a seguir o lema de Baden-Powell: "O nosso objectivo é criar cidadãos saudáveis, felizes e úteis, de ambos os sexos, para erradicar o egoísmo - pessoal, político, partidário e nacional - e substitui-lo por um espírito mais aberto de sacrifício e serviço em prol do bem comum, e, assim, desenvolver a mútua compreensão e cooperação não só no próprio país, como no estrangeiro, entre todas as nações".

CLARA VASCONCELOS
publicado a 2009-04-23 às 00:30 JN

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