quinta-feira, fevereiro 22, 2007

Caminhada na Serra de Valongo...

Hércules conhece terras longínquas e novos desafios ousa enfrentar…


Nove e vinte da manhã, estação de Campanhã. O dia adivinhasse cinzento e chuvoso. As nuvens passeiam tristes por cima das cabeças mas nem elas conseguem demover os nossos aventurosos pioneiros para mais uma caminhada na Serra de Valongo – local bem conhecido de todos os que passaram pelo nosso Agrupamento!

Nove e trinta e o comboio parte. Dez horas e chega-se ao apeadeiro de S. Martinho do Campo, já perto das fábricas de lousa características da região. Antes de partir para a caminhada dão-se as primeiras recomendações, testam-se os walkie-talkies, traça-se o azimute e entra-se no imaginário da aventura:

«Hércules foi mandado para fora das fronteiras do mundo grego. Foi mandado além da borda do oceano para a distante Eritéia no extremo ocidente, em busca do Rebanho de Gérião.
Calcula-se que Eritéia seja próximo de Valongo, num parque paleozóico, onde existia uma antiga ilha. A vossa tarefa para hoje é repetir a proeza de Hércules, e tentar encontrar de novo o rebanho de Gérião.
Mas cuidado, não pensem que isto é uma tarefa fácil, pois Gérião é um formidável adversário, um gigante de três corpos, possuidor de uma força descomunal.
Para além disso, tem a ajudá-lo, e a tomar conta de seu maravilhoso rebanho vermelho, um feroz pastor chamado Euritão e um cachorro de duas cabeças e rabo de serpente chamado Ortros, irmão de Cérbero.
Por isso meus corajosos amigos, tenham muito cuidado, principalmente não se percam para poderem trazer este maravilhoso rebanho, e completar esta tarefa de Hércules.Uns comerciantes que passaram por S. Martinho do Campo disseram que avistaram um rebanho lá para os lados de Couce. De que é que estão à espera? Dirijam-se para lá e cuidado para não molharem os pés! Indiquem também qual o azimute que traçaram desde o apeadeiro até Couce. Lá receberão mais instruções.»



Parte-se então em direcção à aldeia de Couce. Ao chegar ao cimo da Serra de Pias avista-se o apeadeiro e a zona industrial com as suas fábricas de lousa, bem lá em baixo, mais parecendo peças de lego invadindo o verde das serras. É tempo de tirar umas fotografias. Só é pena que os incêndios do ano passado tenham queimado grande parte da paisagem…

Custa um pouco chegar à aldeia. Apesar de estar bem assinalada no mapa, a ponte de Couce, ao que parece, deslocou-se com as suas perninhas um pouco mais para norte disfarçando-se de açude e confunde os pioneiros já esfomeados. Superado mais este obstáculo, lá se encontra a dita ponte! Afinal sempre existia! E toca a devorar o almoço!


Depois do repasto segue-se mais uma prova a superar. Entra-se novamente no imaginário da aventura. Ao que parece o rebanho de Gérião foi em busca de melhor pasto lá para os lados da Fraga do Diabo. Há que subir até ao ponto mais alto do monte, percorrendo as azenhas, e seguir rumo a sul. O caminho não é fácil e entre as exitações normais para decidir qual o rumo certo a seguir decide-se pelo mais fácil, ou seja, aquele trilho que sobe menos… Conclusão e moral da história: o caminho mais fácil nem sempre é o mais correcto!

Passada uma hora os nossos pioneiros lá se apercebem que alguma coisa está errada quando começam a avistar novamente, lá do cimo, o apeadeiro de S. Martinho do Campo. Por sorte conhecem outro agrupamento de escuteiros ali mesmo que os avisam que estão a caminhar na direcção oposta. Após a frustação inicial os nossos pioneiros não desistem e retomam a caminhada, desta vez na direcção certa, sempre acompanhados pelo rio Ferreira até ao local de destino: Belói.


Infelizmente não se conseguiu encontrar o rebanho de Gérião. Desta vez o pastor Euritão mais o seu cão Ortros foram mais astutos. No entanto isso não impediu que os nossos pioneiros passassem um bom momento juntos, enriquecendo as suas capacidades de orientação e fortalecendo o seu espírito de equipa. Pelo caminho até fizeram um novo amigo e tudo: um rafeiro coxo que os acompanhou desde as fábricas de lousa até à paragem de autocarro em Belói. A despedida foi emotiva mas ficou a promessa de um dia lá voltarem, até quem sabe para acampar nos míticos Vale dos Miguéis e Vale dos Castores! Quem, do nosso 676, não se lembra de lá ter passado momentos inesquecíveis?

Vicente